Há sempre gente que tem muito p'ra falar,
coisas variadas, muito p'ra dizer,
coisas quase sempre p'ra arrasar,
sofrem d'uma inveja que só faz é corroer.
Gostavam de ser o que os outros são
de saber o que outros sabem, talvez
até ter a vida que eles tem, razão
só vejo uma, coitados, insensatez.
Pois ninguém pode ter a vida de outros
apenas por inveja ou por querer,
uns são muito, há quem seja pouco,
cada um é o que é, é facil de saber.
E coitado daquele que sendo pouco
ocupa por ai algum lugar de assalto,
o invejoso nunca medrou, é louco,
despenca num instante lá do alto.
Ricardo Maria Louro
No café Garrett
Teatro D. Maria II
Rossio de Lisboa
Ricardo Maria Louro