Observas-me
ocultado p’las venezianas da janela de teu corpo,
tenso, de pálpebras hirtas,
em cílios sustenidos, sombrios e espessos,
de olhar arrebatado ao bulício herege do verbo,
lianas soltas no rio de Sol-posto.
No vagar da tarde, rastejo a savana em gestos suaves
em volúpias de mulher a renascer
de cântaros
de ânforas...
Orgânica, melânica,
abrigo-me das tempestades
no teu colo
o mundo inscrito a traços largos e círculos grossos
o mundo inserto no Pré-câmbrico
do grito que atravessa e amansa a pedra pura.
Observas-me.
Danço frémita a loucura do teu corpo
ondulo em chama no rubro do teu beijo de sal e fogo.
Observas-me desmedido.
Jaguar de som revogado, avanças à urgência do acto,
em líricas selváticas e jogos palacianos de crianças.
Medusa híbrida reténs-me em ti fundido,
p’las minhas tranças
p’las minhas ancas
em elegâncias extremas de cordas d’harpa
em poética sintonia
de acordes simples e singelos.
Abres lentamente as janelas de par em par
e somos abraços e poemas rejuvenescidos p’la chuva
em caixilhos e aguarelas
janelas de novo dia.
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