Terra Seca
Havia tanta miséria
que as pedras viravam comida
o tempo lento doía
e a vida secava na terra
abrindo ferozes feridas
Opacas as faces marcadas
com cheiro de mal nascidas
os lábios encorrugidos
e as almas desventuradas
nesta vida, todas amortecidas
Vida, vida com cheiro de morte
pois fogo queimava a vida
que transcendia sem qualquer suporte
mas que brilhava por ser tão pura
e só restando quem era forte
Quanto tudo que se tem
esturrica na dor
e sem nenhum desdém, desespera
e o que se faz é quase nada
talvez lagrimas possam vicejar a terra
Mas nalguma noite olhares discretos
que perdidos por seus pensamentos
batiam cascos na terra dura
levantando nuvens de poeira
que carregavam as chuvas nas costas dos ventos.
Alexandre Montalvan
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