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Trilogia: Destempo (2/3)

 
Tags:  tristeza    desilusão    sombrio    surrealista  
 
Hoje, nestes dias de reflexão, a melancolia faz-se presente
Ela faz escrever um poema duro, dos que brotam lágrimas
Desenhadas nos pergaminhos das memórias mais distantes
Sem tangentes para fugir, a corrente tem os elos corroídos
Esquecerei que envelheço, até chegar o dia trágico da morte
Inefável e necessariamente, para dar fim ao trem do existir

Onde um dia frutificou a poesia, a pretexto do meu existir
Será a pena calada a buscar no infinito um resto de abraço
Vejo olhares sem brilho, já não refletem as linhas borradas
Nos túmulos do desterro jaz a dor que fez morada em mim
Para lembrar a necessidade de um olhar novo, mais astuto
Assim centrar a vida no seu lugar e refazer tudo no jardim

Vejo da janela, cortinas brancas, o curso à beira as falésias
É tudo tão sublime, expressão do divino nas letras da vida
Onde o tinteiro de orgulho das pessoas jamais irá escrever
Não tem valor aquela corrente de verbos sem sensibilidade
É vital ter liberdade de espírito, exprimir o que vai na alma
O poeta não deve almejar o triunfo do retumbar do aplauso

Ter inteligência emocional é ouvir os ecos dos que o amam
Ser feliz como criança e suas bolinhas de sabão reluzentes
Apostar, distraído, na sorte, pois a única certeza é da morte
Quando olho nos reflexos de outrora, vejo apenas sombras
O silêncio já foi o meu melhor refúgio num canto qualquer
Minha fala era escrever para ocultar meu o olhar de sangue

Hoje, amenizado, anseio as chuvas de pétalas pluricoloridas
Exercitei um sorriso largo entre as estrelas com maior brilho
Abandonei a tristeza que congelou meu peito a cada partida
Primordialmente, prosseguir junto de tudo que me complete
Sem olhares gélidos, dizer não ao que tirou o melhor da vida
Dar adeus, sem olhar para trás, aos dias cobertos de lágrimas


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Autor
Sergius Dizioli
 
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