Esperava por ti...
Nos silêncios da noite
Tua presença ausente
Num imóvel deslumbrar
Envolto na tua tristeza
Reflectida em meu olhar
Onde o silêncio fingido
Em teus braços rendido
Dissipa o meu acreditar
Numa bruma de incerteza
Esquecida em teu sonhar
António de Almeida
Esperava por ti...
Quando nunca chegavas
Por soltas e gastas palavras
Sucumbindo ao verbo esperar
Sozinho em minha fraqueza
Sem te ter para me tocar
Num desejo entorpecido
Por momentos tão querido
Onde teu suave murmurar
Pesava em minha leveza
Como doce rude afagar
Esperava por ti...
Sem nunca entender
Teu distante transparecer
Voz rouca esvai-se no ar
Um terno sopro de tristeza
Que me aconchega ao embalar
Em preces adormecido
Alegoria ao tempo perdido
Que fazem no escuro chorar
Mordáz vontade d'uma pureza
Que não mais irei abraçar