Não sei de onde ele veio, mas chegou manso
e faceiro como uma tarde de outono
em que o céu se pinta de um leve dourado
e as gaivotas sobrevoam as ondas rasteiras.
Tocou minha alma, como um vento leve
que esvoaça as cortinas deixando a brisa pousar
um aroma de maresia no ar.
Segredou-me em meus ouvidos:
- Morres comigo!
Perguntei-lhes:
- Por que não viver?
- Porque morrer contigo é viver mil vezes
Então, morrerei!
Sempre...
Bebi do seu doce veneno; e mergulhei
nos seus olhos como quem mergulha no mar
E meu coração que já estava adormecido
abriu-se num alento e convidei-o a entrar.
Mostrou-me seu mundo em canções,
fados, boleros, tangos e valsas
e convidei-o a dançar.
Não sei do amanhã;
não faço planos
mas hoje quero embriagar-me em seu
perfume e deixar que me conduza pelo
salão enquanto a orquestra tocar.
E mil vezes morrerei...
Menina do Rio