Tu, triste, que estas letras lês,
Estas infiéis meretrizes da poesia,
Condena-te a um destino sombrio
Descarna agora teu sexo de vez
Suicida a palavra que vive vazia
Consumida em vagas horas de cio
És corpo inerte sem amanhã
Pederasta que se arrasta sem fim
Pedra, chão inócuo sem espaço
És nada, ou insana loucura vã
Que se imola em si, assim
Vulgar corpo esquecido, devasso
Tu, triste, que estas letras vês,
Estes rabiscos soletrados e sós
Amontoados na ponta da língua
Esquece nesta hora de insensatez
No som plácido da minha e tua voz
Na grandeza do dia, a tua míngua
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma