Poemas : 

Seres presentes

 
Há seres quase velhos, de tão sábios e anos acumulados. Que são meninos.
Têm uma varinha de condão e tocam almas. E fazem dos momentos tempos eternos.
E te pincelam sorrisos em seu rosto. E ternura em seu olhar.
E te beliscam os sentimentos.
E sem qualquer razão que não a de serem meninos, conquistam o seu coração.
Para afagos na alma. Na emoção.
Breves presentes.
Há seres quase quase, mas nunca amanhã.
Tal como os meninos, têm muito para dar.
E acreditam em bicos de pés, cordas, escadas, pontes e asas, para lá chegar. Mas não para envelhecer e parar.
Há seres que são meninos. Eternos. E te levam à magia desse mundo de brincar. De sonhar.

Há seres que transportam o menino e moram na minha nobre verdade.
Na minha doce e triste saudade. Numa curva da memória.
No malmequer que desfolhei...
Na minha mais breve e louca história.
Mulher/ menina que também me sei. A escassos tempos.
Surreais momentos. De encantamento.


Carpe diem

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Violante
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/12/2019 16:40  Atualizado: 09/12/2019 16:41
 Re: Seres presentes
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Há uns tempos, estava a assistir um debate sobre a velhice, com a escritora Alice Vieira e o pensador José Gil.
A certa altura, perguntaram-lhes se se sentiam novos, que idade se dariam a si próprios.
A Alice Vieira respondeu logo que, obviamente, se sentia uma jovem.
O José Gil deu uma resposta mais interessante. Disse ele que a velhice está para além da idade, isto é, tem o poder de combinar várias idades: por vezes, um velho tem a ingenuidade da infância; outras, a frontalidade de um adolescente; outras, o realismo dos adultos; outras, a sabedoria dos mais velhos; outras, tudo ao mesmo tempo.

Obrigado pela partilha do texto, em especial, do verso "Há seres quase quase, mas nunca amanhã".