quando alguém me fala de morte,
eu penso:
terá paixão?
depois se sei que morreu, ou quase:
julgo,
talvez fosse isso a sua salvação!
talvez!
e tento a viagem que não fiz
na viagem que ele fez.
que restou do seu passado?
memórias nas linhas da mão?
lembro os desencontros na hora de beber
algumas digitais num copo suado
uma cadeira vazia
na esplanada do pensamento
e é isto,
enquanto o tempo verte
um tanto de água musical
e uma intenção só minha:
salvar palavras em movimento,
como que caminhando
sempre junto a precipícios.
e depois será que ainda bate o coração?
se algo fica, é uma história apagada
entre quedas e cicatrizes
memórias do que não disse
e os seus olhos calaram
pergunto, agora, de novo, o que já sei
por onde andou a sua paixão?
talvez, no silêncio.
sem acreditar, insisto.
entrego-lhe uma romã,
que promete abrir um dia destes
numa dança temperada de luz anciã
enquanto eu,
cega me julgo sua, na minha paixão.