Capital, Abril de 9
Reúni as coisas que de nós tenho: a flor, o livro de poesia, o pauzinho do sorvete comido a meias, a mortalha com que te estanquei o sangue depois de te cortares a desfazer a barba.
Nunca houve muitas coisas entre nós, pois não?
Só as que guardamos cá dentro, daquelas que ninguém pode ver e assim ninguém cobiça... nunca me ofereceste nenhum anel, uma promessa, uma jura... só coisas ditas e feitas no sorriso e nas lágrimas que combinávamos.
Talvez tivesse sido preferível que tivéssemos sido como os demais, tontos a olhar o ouro. Vagabundos de uma normalidade que agora pouco doería.
Vê se voltas. Preciso de mais coisas.
Outras tantas iguais às que não se vêem.
Beijo para ti, dos que guardo.