Ele partiu sem dizer adeus com a certeza de nunca voltar e hoje busca entre folhas secas um caminho para seu antigo Hades, é que a monotonia mata aos poucos nesse céu criado por mãos humanas e idealizado longe de coisas tão mundanas como a presença daquela mulher ladina.
Com arrependimento agora chafurda na lama procurando o antigo prazer ofertado sem nenhuma cobrança, tolo... agora açoitado pelos pensamentos, esfaqueado por expectativas vans, sangra frases mal rimadas ainda com alguma esperança de reviver lembranças.
Há um maldito espelho no quarto que mostra um tempo acabando, e uma ampulheta no rosto, e uma voz que atormenta ela diz que remédios não ajudam, tecnologias não distraem, que aquele carro não lhe dá mais nenhum poder, e a onipresença mais nenhuma vantagem diante da morte de sentimentos e momentos que não irão mais voltar.
Aquela esfinge transtornada quem ele busca que era como pintura com simetrias perfeitas, com um sorriso misterioso, foi escondida num antigo porão atrás de outros costumes abandonados, aquela que ele busca desbota atrás das paredes mofadas que destroem aos poucos sua beleza.