Dia após dia
via
ir dos braços a tez albina.
Das veias antes cianosadas,
da nobreza arterial
dissipar-se a neblina.
O tronco desnudo banhará o Sol.
Jornaleiro é o seu apelido
e magro dote.
Vergado sobre o centeio fino,
alimenta-o a terra que o tem
submisso.
Desde adulto a menino.
Via
as garras
dos pés e das mãos, tão escuras do frio,
negras
do pó, da lama primaveril.
Entre
a palavra de honra,
a leitura do arado e do coice do cavalo,
é Homem de letras.
(O pão da minha Senhora
este ano
será doiro)
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.