Por Entre Cacos
O que há dentro deste oco
tanto desespero incontido
a fúria deste que vos lê
semente morta sem sentido
O que tenho neste vaso fúnebre
e que me traz ambiguidades
olho e vejo tantos de mim
espalhados...vermes decepados
Emborquei todos meus mistérios
nesta noite inconsequente e pura
com meus olhos olhei a rua
no coração disparou meus medos
Sou um caçador de desventuras
sou meu próprio algoz
retalho-me como as faces da lua
e a tua mão não me deixa só
Esta chama é tudo que me resta
esta mão insana, este inverno
estou sempre neste inferno
a alma quente neste mar de lama
Viver é andar em cacos de vidro
o corpo segue a frente indeciso
a alma tua é só suicídio, mas nosso
olhar vislumbra o desconhecido.
Alexandre Montalvan
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