Vida sepulcral, enevoada e tímida
Me espetas com o garfo do diabo
Eu tento, desisto e me parto
Fugindo desta escuridão que abomina.
Tomo café e ascendo um cigarro
Tua imagem mórbida me persegue
Como o homem tomado pela peste
Dilacero-me no tombo do teu escarro.
Incógnita, desatino da partida
Levam o mel dos teus lábios
Como já dizia o grande sábio
Nada se constrói em areia fina.
São noites frias e noites geladas
Um cristalicio desejo despedaçado
Ainda mais forte é teu descaso
Quando suspiras assim calada.
Tua foice e essa tua manta preta
Teu rosto de buraco negro
De ti, oh desgraçada, já não tenho medo
Pois, fui na vida, o próprio capeta.
Perco-me diante de teu deslumbre
Tu e teus desejos inertes
Faz-me comida para os vermes
Parte-me no bico dos abutres.