Ao pensar sobre ser,
Melhor dizer o que se é
Perdido estive em encontrar.
Pois, seguramente, não sou o que faço.
E já é um bom começo.
Desta forma, a maioria das pessoas não sabe quem sou.
Como escrevo e sempre falo com tanta gente,
Nem sei...
Pode passar aquela impressão errada.
Pois esses acreditam que sou como eles.
Mas não. Ou quase nunca consigo ser.
Também há ira e o seu inverso em mim
Ao se apresentarem tão firmes.
Também não posso assumir isso.
São tantas vezes, com tamanha contradição...
Em outras tantas, percebo eu, não ser o que penso.
E quase posso tocar uma luz.
E quem seria?
Pois ao eliminar aquilo que, definitivamente, não sou,
Começo a ter um caminho.
E posso ver alguma coisa.
E se há amor ou a completa falta dele,
qualquer outro sentimento.
Vou afirmar: eu também não sou o que sinto.
Pois sendo bom ou não, passa.
Seria muito fácil. Todavia, não posso ser.
E ao não ser ou não saber de mim mesmo,
Vou para dentro. As dúvidas sempre apontam para lá.
Parece um brilho, um tipo de energia.
Não sei mesmo.
Mas toda vez que me encontro lá, tudo posso ser,
E não há mais questão alguma.