No mundo dos sonhos Vera penetra
Nua passeia em jardins e relvados
Cabelos caídos no colo nevado
Seus pés roçagando a pelúcia da erva...
No peito tem mil cavalos calados
Revelando mil fraquezas, quimeras...
E os anos se passava em primaveras
O vento suspira um gélido gemido
Nunca se sabe quando é sonho deveras
Ou quando, deveras, Vera está dormindo...
E os anos passando, passando as eras
Como que se passa somente um segundo
Ela via Homens amando, se matando feito feras
Ela via como tudo é efêmero, fugaz e absurdo...
Pelos menos ali a vontade de Vera impera
É o único canto do mundo onde lhe é permitido
Sonhar sem preocupar com os filhos ou o marido
Ali prevalece o cenário que dentro dela se encerra...
Ali as palavras ganham cores e ganham mais sentido
As plantas tomam dimensões que cobrem toda Terra
As canções ficam mais belas, os versos mais bonitos...
Ali os perfumes invasores adocicam a atmosfera
Não existe mais dor... Não há mais nenhum inimigo
Nunca se sabe quando deveras está dormindo Vera
Ou a quantidade deveras que só vê o próprio umbigo...
E os anos passando, verões, outonos, primaveras...
O vento balouçando as pétalas com um gélido gemido
Nunca se saberá quando é que são sonhos deveras
Ou a quantidade de Veras que continuam dormindo...
Gyl Ferrys