Poemas : 

QUILOMBO

 
A dia desce serra abaixo no escuro do quilombo.
Uma algazarra matinal tem início nos ouvidos,
ao tempo em que as barracas se abrem em festas.
Gritos de chamamento religioso voam pelos ares,
abraçados pelas vibrações inebriantes
que ecoam da caixa de ressonância dos tambores.
o cheiro de madeira queimada paira por todo campo
esquentando o traseiro das panelas de barro.
Em tempo de rapidez, uma pequena África nasce
nas terras, regadas de suor negro
O turbilhão de pernas caminha em todas direções
pisando o tempo passado, em direções geográficas
determinadas pela sofreguidão espiritual materializada
nos quitutes de além mar.
A feijoada gira cercada, pela parede circular de argila,
da panela forjada por mãos de engenhosas linhagem.
Comilança geral no terreiro, pratos voam de mão em mão
bocas incógnitas mastigam feijão, engolem orgulho.
A dança aproxima os corpos de casais em transe
na umbigada de jongo em plena fuga do cativeiro.


Fatumby Tristão

 
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Fatumby
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