Não te quero como prenda.
Te desejo como uma fêmea
No cio deseja quem a prenda
E aprenda ser fêmea no cio.
Eu te desejo como um rio
Deseja as águas do oceano
Como um cigano anseia
Cigano ser sem engano.
Eu te quero prostituta
Astuta, que sabe ser dama
E sabe ser puta na cama
Que puta saiba ser puta
Que pira, que pari, que pula
Que não paire ou que pare
Quando no gozo se esbarre
Na esgrima satânica, da luta
Das línguas, das bocas
Loucas que loucas bocas
São loucas de tenso tesão
Tensão de boca em boca.
E saber ser uma senhora e sacana
Que se assanha na hora certa
E na incerta sabe ser descoberta
Na feminilidade da fêmea nua.
Eu te quero como Caronte
Deseja as águas do Inferno
Como fonte dos meus versos
Mais safados e mais sinceros.
Eu te quero boca de veludo macio
Provando do meu sabor e ardor
Sendo preenchido todo o vazio
Da tua boca de intenso calor.
E quero morrer deste delírio
De lírio de um colibri
Cor-de-cobalto
Que te toma de assalto
No asfalto com cobre
Que te cobre
Com o homem
Que te come.
Não te quero como prenda.
Te desejo como uma fêmea
No cio deseja quem a prenda
E aprenda ser fêmea no cio.
Gyl Ferrys