É bom que não percamos de vista as proporções e as comparações e que tenhamos referenciais de análise e crítica, se pretendemos dizer o que é melhor.
É inevitável, quando se olha para o passado, a ideia do balanço. Mas o balanço pode ser difícil ou impossível de realizar, consoante os casos.
Fazer propaganda, com entusiasmo, seja em que situação for de avaliar serena e objectivamente, é um mau sinal. A realidade não precisa de "álcool" ou "adrenalina" para ser o que é. E nós não precisamos de "drogas" para vermos a realidade.
No fundo, tentar comparar o mundo actual com o do passado, mais ou menos recente, é tentar um exercício de ciência histórica que não está ao alcance de todos.
Tenho lido escritos de assumidos optimistas que só vêem progresso em tudo, porque acreditam que nada pode regredir e que nunca há regresso e que, aconteça o que acontecer, o que resultar será o melhor possível e que nada é melhor do que o possível. Estes, decerto, nunca se lamentam, nem queixam.
Não obstante, parecem-me deterministas a tal ponto que são os mais refinados pessimistas.
Porque "o que pode acontecer" é que lança o jogo e os humanos podem jogar muito forte, num determinado sentido. Quando olhamos para o passado e constatamos que houve um progresso, não podemos deixar de pensar que progresso é esse, qual o seu custo...
Se o progresso destruir o planeta, ainda assim é progresso?
Mais promissora e interessante do que a ideia de progresso, é a ideia de desenvolvimento e felicidade.
À luz destas ideias, vemos que, antigamente, havia problemas que nós não temos e que, actualmente, existem problemas que os antepassados não tinham.
A relação entre a quantidade e a qualidade dos problemas existentes e a capacidade, eficiência, na sua resolução, parece-me um bom rácio para fazermos comparações.
Posso estar enganado, mas a minha percepção é que a nossa capacidade para ver problemas e encontrar problemas aumentou imenso, talvez muito mais do que a nossa capacidade para resolver problemas.
Diria até que, por cada problema que resolvemos, criamos mais...