Capital, Abril de 8
Confundo-me nesta lentidão de dar corda ao relógio, rodar ponteiros à força de dedo. Só tenho dois dias presentes, claros, sem a mescla de memória ou a fantasia do desejar ter sido: aquele em que te foste e o que marca o teu regresso.
O primeiro é todos os dias. Não estás, já foste, restas por te existir na glória de sermos.
O outro adivinho-o amanhã, sempre amanhã, sempre o porvir, a nascente, a tempestade que atira por dentro de mim vagas que me mantêm neste desassossego, acordada.
Confundo estes dois dias, empurro tonta o circulo que se fecha entre ti e mim, uma corda finita na força da minha vontade.
Vem, canso-me.
Ajuda-me a parar o tempo.