Do meu poema alucinam-se lírios rubros
num Agosto qualquer.
Vozes de vento
… prazeiroso, suave solto e quente.
Do meu poema, aquele que não escrevo,
do que não intento,
ou do que me esqueço quando sou silhueta d’água
em queda livre na cachoeira -
recorte sublimado ao lirismo regente do corpo -,
soçobra mudo,
silenciado, o tema.
Escorre-se em andamentos frémitos e musicais,
nas cordas decididas dum baixo
d' alucinações repentinas, na persistência
de letra imperceptível aos ouvidos banais.
[No limiar da pureza oiço agora
solitários latidos de cães,
fieis amigos doutrinados na arte de amar tão só,
ou, quiçá,
dos pastos grunhidos doutros seres
quando se acoitam dos astros em noites de temporais…].
Do que não escrevo,
do que escondo em arca
(funda a arma e fundo o medo)
ouves-me tu, para lá dos vales,
para lá dos montes, nos planaltos das colinas,
tão longe e tão distante,
no chocalhar do verbo do ventre da verve
em jovialidade da alma, alheia ao relógio do tempo
plasmado em notas pálidas de rodapé.
Do meu poema emerge (des)concerto sinfónico, pianíssimo alimento.
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