TEM DIAS...
Aquilo que eu sinto nem eu sei descrever.
Não sei o que sinto!
Invento palavras, versos e poemas,
que terminam invariavelmente despidos de conteúdo.
Falta-lhes energia, vida, paixão,
o mesmo que me falta a mim, um propósito digno.
Eu queria com as minhas palavras mudar o mundo,
mas o mundo não muda só com palavras.
E eu continuo a caminhar por esta vida sem rumo,
como um mendigo que dorme à beira da estrada,
sem tecto e sem amor, só,
figurante numa história que devia de ser minha.
Aquilo que sinto é como um murro no estômago,
um grito de revolta preso na garganta,
uma vontade incontrolável de mandar para o inferno
(pró caralho, vá!),
tudo e todos os que me magoam
e que me fazem escrever estes versos sem sentido.
É doloroso viver assim.
Mas o que me consola,
é que é preferível sofrer vivendo
do que não viver sequer...
E por isso arrisco,
e por isso persisto,
e por isso luto, ganhando e perdendo batalhas,
e por isso ouso remar contra a maré,
e insisto na minha individualidade.
Sou o que sou, como sou,
e ser diferente pode ser bom.
Vá, tem dias...