Rasguei as páginas do meu passado.
Comi cada sílaba das palavras até ficar engasgado com os pontos.
As vírgulas entranhavam-se nos meus dentes, e foram empurradas por uma gigantesca sopa de letras.
Vomitei versos, poemas, prosas e sonetos.
A cada nova garfada, novos pontos de interrogação teimavam em aparecer.
Engoli dilemas, dúvidas, respostas e travessões.
Bebi doces líricas para atenuar a azia das nossas conversas.
E, no entanto, hoje sou aquilo que como.
Nuno Nebel