No silêncio profundo de uma dor
Onde solitário vejo as horas passarem
Sem nenhuma novidade que possa
Amenizar esse sofrimento banal da vida.
Caminhar pela estrada deserta
Sem ouvir os cantos dos pássaros
Que simplesmente sumiram
Deixando apenas um vazio sem sentido.
Quando a estrada e o caminho
São demais para mim
Eu choro a ausência de um amor
Que se foi na madrugada fria.
Deixava-me descansar em seus braços
Como se não existisse mais nada no mundo
Que fosse mais importante do que estar com você
Imaginando a vida feliz para sempre.
Então, como em um passe de mágica,
Seus olhos tão meigos já não pertenciam a mim,
Se é que um dia havia pertencido
E na noite do adeus se foi para sempre.
Eu que sempre confiei no brilho desse olhar
Acabei tropeçando em meu desespero
De ter que caminhar sozinho
Por uma estrada que não conheço.
O medo da solidão me apavora
E dos meus olhos saem lágrimas
De saudade do seu calor tão aconchegante
Que dava sentido a minha vida.
Ergo-me da minha triste solidão
Olho pela janela e vejo
O sol nascendo no horizonte
Dizendo a mim que a vida continua.
Levanto-me, então, do meu leito solitário,
E meus pés tocam o solo
Consigo dar os primeiros passos
Rumo à liberdade que sempre sonhei.
Quando a estrada e o caminho
São demais para mim
Eu invento uma canção de amor
Que tocará o seu coração no fim.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense