Estar perdido significa estar sozinho
Ou será o contrário?
Como um pássaro a voar solitário
Nas nuvens da eternidade
Alçando o voo mais alto que puder
Para escapar as tristezas da vida.
Andar pelo vale sombrio
Sem proteção na alma dilacerada
Pelas cicatrizes do tempo
E feridas no coração em dor.
Encanto estranho em não estar sozinho
No tocar de um vento que sopra mansinho
Na noite escura de solidão.
Não entendes tu as minhas palavras?
Nem poderia entender mesmo se quisesse
Porque a dor só sente quem a vive em si mesmo
Condenado a ser martirizado pelo olhar
Que penetra como pregos profundos na carne.
Encanto estranho em não estar sozinho
Porque a vida segue o seu rumo
E serei atropelado se parar pelo caminho.
Nem mesmo posso olhar para trás
Sem que meus olhos se encham de lágrimas.
E assim prossigo até o infinito
E além do horizonte tenho esperança
De encontrar aqueles olhos que possam me amar
E me fazer descansar dos dias maus
Que insiste em me cercar o tempo todo.
Encanto estranho em não estar sozinho
De onde levanto minha cabeça e vejo além
Das luzes opacas da cidade
A razão de uma felicidade
Que brilha nos olhos intensos
De um amor que ainda não conheço.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense