AO PRESENTE TRAGO O FUTURO!
Quando nasci, fui esperança de meus pais
Que deram de comer à sua esperança
Mandaram-na estudar, vendo esperanças em sua criança, que suas não as tinha, só era dos outros!
Fui sempre de esperanças d’outros;
Loucos, rodeados de esperanças imortais
Que nunca lhes morrem
Só depois dos donos da suas esperanças morrerem
É que deles herdei ser própria esperança, sem futuro
em cada presente, que nunca é futuro
Que logo passa a passado!
Porém, o que quero, nisso sou casmurro
É que cada criança nasça futuro em cada presente
Como todos os jovens, aqui à minha frente
Que no presente não são esperanças de ninguém.
Não tem futuro. Só o presente do momento e o de cada olhar a ver o sol a brilhar
Eu, esperanças minhas nunca tive. Só do outros fui!
Não. Não queiram ser d’outros esperanças
Todos, agora, somos futuro!
Sou casmurro. Ao presente trago o futuro
O futuro é sempre o presente,
Como este poema, que não tem amanhã,
Quando a vosso olhar presente!
Eu até já não possa estar cá.
Estarei noutro presente
...xx...
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
Figas