Poemas : 

Sem nunca ser

 
O Perto é tão incerto
como o Agora.

Vive
mesmo à nossa frente, rente,
tão à vista
armada.
Um dentro tão fora.

E nos quandos que nos habitam,
presentes nos passos,
no futuro,..
há um toque que se pressente,
requer o nosso tacto.

Perto.

É
sem nunca ser
de facto.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
1511
Favoritos
3
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
36 pontos
4
4
3
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
atizviegas68
Publicado: 04/07/2019 15:04  Atualizado: 04/07/2019 15:04
Usuário desde: 09/08/2014
Localidade: Açores
Mensagens: 1538
 Re: Sem nunca ser
Parece cálculo matemático!!
Os sujeitos que escolhes, as dualidades, as duas naturezas, as comparações, o ritmo saltitante representando a efemeridade.
Uma escrita que vai para além da palavra representada na escrita. Imaginário audaz e inteligente.
Tinha saudade de ler.

A escolha de temas intemporais são sempre magníficos.
Bravo!

Um abraço

Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 04/07/2019 16:24  Atualizado: 04/07/2019 16:24
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: Sem nunca ser
Nem sempre o que está ao lado se pode tocar...
O mais perto talvez seja o que carregamos no coração e na mente.

Gostei muito.

Branca

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 05/07/2019 11:06  Atualizado: 05/07/2019 11:06
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: Sem nunca ser P Rogério Beça /
Perfeito e inteligente, abraço Vó

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/07/2019 17:09  Atualizado: 05/07/2019 17:09
 Re: Sem nunca ser
O ritmo do poema. Diversificado, correspondendo na perfeição às deambulações do pensamento.
A assertividade presente nas 1ª e 2ª estrofes. Ritmo seguro e calmo.
Já na 3ª estrofe prevalece a prudência, um alerta, no desenvolvimento da ideia.
E abranda, num certo desapontamento pressentido na conclusão do poema.
Gostava muito de ouvir este poema lido pelo seu autor.