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A noite chega...
Fria e escura...
As nuvens não me deixam ver o brilho das estrelas!...
O silêncio inunda a casa vazia de ti...
Pela primeira vez, sinto medo!
Sento-me no chão, enroscada, a um canto da sala, meus olhos vagueiam perdidos, sem rumo...
Em cada objecto vejo teu rosto...
As molduras espalhadas pela sala, guardam para a eternidade os nossos sorrisos!
O sofá, ainda guarda o teu cheiro, e esconde nossos mais íntimos segredos!
O som da lenha arder na lareira parece chamar por ti!
O meu coração grita em silêncio...
Deito-me sobre o tapete, e ligo a aparelhagem, a música inunda a sala...
A nossa música...
Fecho os olhos, e entrego-me ao desespero, a loucura domina os meus sentidos, as lágrimas correm soltas, livres...
O nó da garganta, vai-se desfazendo, conforme os cristais salgados vão caindo...
E a música não pára...
Com as mãos abafo o som dos gritos de dor que se soltam, depois de meses escondidos!
Exteriorizo toda a minha angustia, todo o meu medo, todo o meu ódio, todo o meu amor...
A música acabou!
As lágrimas secaram!
A dor não passou, ainda me consome por dentro!
Continuo deitada no tapete da sala, junto à lareira...
Ainda sinto a tua falta!
Os nossos sorrisos continuam espalhados pela sala.
Nada mudou...
Só o meu coração morreu!...
Ariane
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