Corda Bamba
Certo que tudo, meigos olhos de vidro
um sorriso moído, um longo beijo doído,
eu e você já somos o passado.
No silencio que persiste, nas vezes
que buscamos as palavras
e só encontramos refletido no espelho
olhos anuviados e tristes.
Passe-me o prato de carne! Eu tenho a
fome que agora em mim escondido
se encontra este ser retorcido
que procura palavras em outra boca.
Como é possível não sentir este
fogo morno e não ser aquilo que se quer
ser e perceber em meu contorno
a indiferença e a alma oca
Em quantas metáforas se procura
o presente estável e desmedido,
e no amor eterno e a sua armadura...
a corda bamba em que me equilibro.
Alexandre Montalvan
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