O OVNI de Pirituba
Num dia de domingo, numa cidade chamada Pirpirituba, Paraíba, que fica a cerca de 2.700 km da capital, ia ter um encontro de jovens, onde um grupo de adolescentes se preparava animadas para seguir um evento religioso, eram quatro pessoas, duas delas eram irmãs, Rosângela, Betina, as outras de nome Glória e Creusa, eram parentas afastadas. Como esses eventos são bastante concorridos, principalmente nas cidades do interior desse nosso querido e imenso nordeste, elas acordaram cedinho para seguir viagem, visto que a citada cidade ficava a uma boa distancia de onde elas residiam.
Elas seguiram de ônibus, que passavam pertinho da casa de Glória, ao chegarem, foi a maior festa, pessoas que não se encontravam há bastante tempo, se reviram, mataram a saudade, em meio a muitos cânticos e louvores ao Senhor, foi bastante animado, mas como tudo que é bom, um dia chega ao fim e horas divertidas voam, o tempo passou rapidinho...
Já por volta das 18 horas, ao cair da tarde as nossas quatro desbravadoras já estavam retornando...
Só que as irmãs não queriam voltar de ônibus, queriam voltar num trator que tinha uma carroceria que levava pessoas, cujo itinerário era justamente a fazenda onde uma delas morava, onde Betina argumentou que era mais vantagem, não ia pagar nada, ainda iriam se divertir no percurso, aproveitaria o dinheiro para comprar algo interessante para elas, ainda dava para economizar para o evento do outro mês.
Entretanto esse combinado era somente entre elas, esqueceram de falar com o condutor do veículo, que resolveu dormir na casa da sogra, num povoado de nome Chico Salvador, onde as garotas tiveram que seguir caminho até a fazenda onde iriam pernoitar, estava o maior breu, todas caladas, cada uma com seu pensamento, mas para não começar uma interminável discussão, seguiram a jornada, tendo que passar por uma porteira que era conhecida por ter um “anjo” que chorava, esse local era justamente onde tinha falecido uma criança, filho de uma mulher que todos achavam que não tinha seus pensamentos em ordem. Tinha um pé de uma frondosa árvore, com um tronco bem grande e imponente.
Glória já estava lembrando da história desse anjo choroso, mas continuava aquele silêncio fúnebre, acompanhando a caminhada das garotas...
Quando passaram pela porteira principal daquela fazenda, elas desceram uma ladeira, e acharam estranho que as lâmpadas ainda estavam apagadas, estavam pertinho de um açude, que agora estava bem cheio, visto que tinha chovido bastante na região.
Ao desceram a ladeira, dava para enxergar de longe uma vila, só que naquelas imediações, nossa amiga Glória, olhou para cima e viu uma imensa bola de fogo, ela achou que poderia ser um balão, cujo pessoal da referida vila tinha “soltado” , porque nessa época de maio, junho... acontecia muito isso.
Ao passar num local chamado “Mata-burro” o tal do objeto já não estava lá, vinha acompanhando-as, todas estavam ainda chateadas com a situação, sem saber que essa situação ia piorar mais ainda.
Elas passaram por um riacho que por sua vez era a divisa entre as duas fazendas, onde o grupo se dirigia, chegando ao seu destino, elas abriram a porteira, todas tão caladas, como assustadas, o silêncio não era mais por causa da desventura do trator, virou apreensão pelo fato de estarem sendo perseguidas por um OVNI, elas olharam para a montanha onde foi feito o avistamento, não viram nada, porém quando olharam para cima, viram uma bola imensa, encima da cabeça delas, com umas fagulhas caindo.
Uma delas gritou!
- Um disco voadorrrrrrrr!
Saíram correndo da forma que podiam, avistaram perto de uma mangueira uma cacimba, cheia de mato e foi ali que se jogaram, não queriam nem saber a profundidade, as garotas começaram a chorar, rezar, gritar e todo tipo de sortilégio de coisas onde o desespero mandava, pois o objeto estava ali logo acima delas soltando um ruído ensurdecedor...
Depois de muito tempo, fez-se um silêncio, só dava para ouvir o canto de uma coruja, acompanhada pelo barulho dos grilos.
As garotas resolveram sair da cacimba, que para sorte delas estava desativada, também não era profunda, apesar de muitos arranhões e picadas de insetos, deixaram aquele lugar praticamente incólumes, seguraram uma na mão da outra, e saíram por debaixo das mangueiras, tentando se esconder do objeto que já não estava mais por lá.
Ao chegar ao seu destino começaram a gritar por socorro, esmurrando a porta de casa, onde os pais de Glória abriram-na intrigados por tamanho desespero, quando elas falaram sobre o caso.
Os seus genitores até que compreenderam sobre o avistamento, mas o que não compreenderam foi o fato delas não pegarem o transporte de volta para a fazenda delas,
vindo de trator, onde o castigo não veio só “a cavalo” , veio dobrado, porque além de passar muito tempo falando com aquele “rosário” de sermão que só os pais sabem fazer, ficaram de castigo e só iriam para outro evento desse quinhão, somente quando o próximo disco voador aparecer.
Marcelo de Oliveira Souza,IwA
2x. Dr. Honoris Causa em Literatura