Ser original num mundo de falsificações
Não tem o valor que deveria ter
Ideias de outras pessoas, ladrões
E não sei como obras desses falsários pude em tempos ler
Não sabendo ao certo quando tudo começou
Sei que original sou desde o início
Verdadade, lealdade. Será que realmente as dou?
E não, desta vez não caírei nesse precipício
O gajo mais importante do mundo para mim
É o gajo que mais nesta vida me deu
Não posso dizer que ele é bom só porque sim
Ele é bom porque o gajo mais importante do mundo sou eu
Como olhar o mundo exterior
Se não olhamos para nós em primeiro
Como acreditar em paz e amor
Se os dois matei e dos dois virei coveiro?
Cobri-os até aos olhos, com sete palmos de terra
Mortalhei seus corpos, com mortalhas de marfim
E seus mistérios que o caixão encerra
Morrerão comigo, ficam só para mim
Habito entre a loucura e a genialidade
E por vezes sou genialmente louco
Tenho quase tudo o que importa de verdade
E tudo o que tenho é-me realmente tão pouco
Um génio em tempos maltratado
E uma criança das demais difererente
Um BURRO, um louco, que se diz sobredotado
Um menino, uma criança, um eterno adolescente
Vi muitos filmes, alguns deles de tragédia
Atuei em alguns deles, nada de anormal
Olhando o passado uma divina comédia
Comediando-me a mim próprio, por ser homossexual
Nunca tive vergonha de nenhuma parte de mim
Só que ás vezes iludia-me com o dinheiro
Entrando num imenso poço sem fim
Tinha vergonha de ser quem sou, por completo por inteiro
Queria ser "igual" aos outros de todas as formas, de todos os meios
Não percebi quantas oportunidades desperdiçei
Se quer eu, quer os outros, de defeitos estamos cheios
Então, tal igualdade já alcançei
Amor próprio não tem valor estimado
Carência que já não mora mais em meu coração
Amor próprio, o amor mais procurado
No outono, no inverno, na primavera e no verão
FidesinOculisMeis 2021