Poemas : 

SEMANA SANTA

 
ENTRE ANIMAIS

Não era para ser ali
Junto aos animais
Mas veio ao mundo
Em terras simples
O leão cordeiro...
A culminância de Davi.
Os reis que viram o Rei dos Reis
Lhe sorriram presentes.
Mas o presente estava ali.
Já dizia a Estrela em seu brilho:
A paz está no mundo, vejam a paz.
Aprendam com a paz.
Sejam simples assim.(Proteus).

A CRIANÇA FALA

E ouvem o menino espantados
Os velhos mestres da nação.
E há verdades estampadas...
Conteúdo onde não pensavam.
Homens que sempre falam
Agora, como crianças, aprendem a lição...
Só um dia não basta
Mas só um dia terão.(Proteus).

VINHO

Dançam aos noivos os amigos...
Os conhecidos...
Músicas, vinhos e comidas.
O filho do Homem e sua mãe
E aqueles que já o seguiam.
Na alegria dos noivos
Secou o néctar...
Não a comida...
Não a música...
O vinho.
A mãe procurou o Leão de Judá
É necessário ajudar.
Não é chegada a hora
Ela sabe.
Ele sabe.
No entanto, que encham de água os potes.
Haverá e houve vinho.
Melhor do que havia, fez-se vinho
Da água fria.(Proteus).



QUANDO ELE TREMEU

O primo sobre as águas convida a todos
Para renascer de novo em vida.
São muitos os que ouvem o santo em couro.
“A voz que clama no deserto”.
Eis que o primo ainda desconhecido
Iniciando os ofícios
Reconhece o neto da avó Ana.
Também ele quer se banhar de santas Águas.
O primo que o recebe não se acha digno.
Mas obedece ao pedido.
E mergulha o mais santo nas águas claras.
Finda o batismo.
Somente a pomba alva e fresca
Sobre a cabeça pousa.
Comprova a origem do convertido.
E mesmo Deus feito homem
Sob as águas frias tremeu.
É hora de crescer...
O primo deve diminuir. (Proteus).

CAMINHANDO

Mas se as águas estão profundas
Como pode o mestre andar?
Ninguém na nave entende o passeio,
Esse caminhar...
Há medo...
Há assombro...
Dúvida... Como há...
E o Filho do Homem caminha
Como se terra houvesse no mar.
Desesperam os que o seguem.
Até onde iriam?
Ao mar? (Proteus).


AQUELE QUE NÃO VÊ

Não via um palmo a diante
O pobre homem limitado
E aquele chamado o “Cordeiro”
Molhou a terra com o seu hálito.
Fez barro da terra arenosa
Das paragens da velha cidade.
A pasta em mãos habilidosas
Cobriu os sentidos que não serviam.
Do barro fizeram-se óculos
E o homem que não via
Viu mais do que os que viam
Reconheceu no oleiro
O Salvador...
O Messias.(Proteus).

CABELOS

Jogou-se aos pés do Senhor
E fez destes, objeto perfumado.
Lavou com fina fragrância
Os pés a caminhadas acostumado.
Havia lágrimas nos olhos da moça.
Havia amor nos olhos da moça.
Havia espanto nos olhos dos discípulos.
Aos pés úmidos do Senhor aquela que ama e
Enxugou com fartos cabelos.
Toalha fina para pés divinos...
Haviam lágrimas nos olhos da moça.
Havia amor nos olhos do Senhor.
Havia espanto nos olhos que olhavam.
Fez dos pés objetos perfumados. (Proteus).

PEDRA

O que é manso rabisca o chão.
“Quem nunca pecou atire a primeira pedra”
Nenhuma pedra se mexeu.
Não há feridas na donzela.
Aquele que é manso continua a desenhar
Sobre a areia fina.
Não mais ninguém dos que odeiam.
“Onde estão os que condenam?”
A moça agradece ao Senhor.
Não pecará mais.(Proteus).


PÃO E VINHO
E pegou o pão e deu graças
Repartindo aos seus.
O corpo em trigo
Que mata as fomes da alma...
E pegou o vinho
E vinho em sangue embriagou de luz
Os que estavam.
Fartam-se do divino
Os que querem ser divinos.
A sabedoria doada em pão e vinho.
Há um caminho a seguir
Maculado será o pão.
Derramado o vinho.
Por hora o prazer da ceia
A cada dia o seu mal. (Proteus).


GRITO

“Soltem Barrabás”
Grita a multidão
Onde estão os seguidores
Do “Filho do Homem”
Só os que não o querem
Estão lá.
“Soltem Barrabás”
Grita a multidão...
O Rei está humilhado...
O Rei está ferido...
O Rei está perdido...
Perdida está a multidão.
“Soltem Barrabás”
Grita a multidão.
Já está definido o fim.
A sorte lançada...
O que fazer com o chamado Cristo?
“Crucifica-o”
“Crucifica-o”
Grita a multidão.(Proteus).

SANGUE E CHUVA

Do alto as gotas de sangue mescladas a chuva.
Morre na cruz aquele que não morre.
Há uma coroa na fronte
E os braços estendidos esperam o mundo.
Jogam dados alguns.
A sorte está lançada...
O “mais querido” abraça a mãe infeliz.
O cetro é uma lança que fere o peito.
“Eles não sabem o que fazem”.(Proteus).

NÃO ESTÁ

Não procurem na Terra
O que não é da Terra.
Diria o ser alvo às três que adoram.
Nada mais há que o linho tinto de vinho.
Assim esperavam os seus.
Não procure entre Homens
O que estava além dos Homens
Por ser muito mais.
A lição foi ensinada
mas nada se aprendeu.
Repetem por anos toda tragédia...
A lição foi passada
mas não foi assimilada. (Proteus).

 
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PROTEUS
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