Porquê queres a minha alma fria triste e solitária
Porquê queres o meu coração quebrantado, acorrentado e amaldiçoado
Eu sou apenas um homem insignificante e sem valor
Consumido vivenciado e ladeado pela dor
Que procura a mentira no fundo do poço da verdade
E se esconde no sonho distante da realidade
Que luta entre o ser e o estar
Entre o viver e o sobreviver
Entre quem sou e quem gostaria de ser
Onde estou e onde deveria estar
Porquê desejar possuir a minha mente perturbada
Assombrada pelas teorias desastrosas
Pelo silêncio de uma vida obstruída
Revestida por essa pele pálida
Humedecida por lágrimas tenebrosas
Eu sou apenas uma bala perdida
Que caminha por uma estrada descolorida
Numa terra do faz de conta
Cuja presença não é notada
Eu sou um oceano coberto de mágoas
Onde a felicidade é arrastada pelas águas
Um império arruinado
Onde meu sangue é derramado
Porquê queres o meu eu
Vagueando no escuro abaixo do céu
Andando num circuito infinito
Preso em labirinto.
Hildegário Gonga
Hildegário Gonga (der Kaiser)