Atravessando madrugadas,
predestinado a estar sozinho
permaneço. No tempo da seca
das vacas magras de campos
com flores que não florescem.
Despercebida, a vida segue em
frente.
Sou o presente do meu
ser, tudo está parado
como as águas fedorentas
de um pântano.
Eu procuro por algo
poético
eu procuro por novidade,
será que o mundo não
consegue me surpreender
mais ou o chato aqui sou eu?
Desisti de um amor
que me doía, pelo menos
me rendia ótimos poemas
e ótimos poemas é eu me
sentir vivo,
é a vitalidade
é o sofrimento
e a angustia, a poesia
e a criação. É um espetáculo
sobre a frustração, apresentada
em pele branca e lábios vermelhos,
escorrendo por meus dedos.
Como toda boa fonte que fora
sentenciada, a seca alcançou.
Meu lábios estão rachados
meu estomago, faminto
minha esperança, morta,
executada por um pelotão
de nazistas que passaram
por aqui.
Quero colher o que vou plantar,
mas não há nenhum solo disponível
para minhas sementes,
nada crescerá, o sol está
forte. Tudo é cinzas,
se desfaz com o vento.
Não chove a dias,
minhas olheiras aumentam
minhas companhias diminuem.
Aguardo pelo dia em que
me sentirei livre dessas
correntes que nem ao
menos, posso ver.