Quero esquecer as tardes cansadas
de desabafos desalentados
e dos ventos que, perturbados, uivavam,
quero esquecer as noites
de inquietas insónias
e das madrugadas exaustas,
quero esquecer os dias iguais a nada
e as ilusões perdidas na solidão
das areias da praia,
quero, enfim, esquecer tudo
o que foi frustração, desilusão,
fracasso, desamor e...
especialmente, quero esquecer
a juventude que me abandonou...
Agora, amadurecido pelo tempo,
quero sentir, não a ventania,
mas sim, a suavidade das brisas,
quero olhar a noite
e absorver a serenidade do luar,
contemplar a luminosidade
ténue das alvoradas,
sorrir ao sol dos dias efémeros
e abraçar a vida com gratidão,
quero, simplesmente,
porque quero
e porque, somente, o querer
tem a força da mente…
José Carlos Moutinho
10/4/19
Decreto-Lei, nº 63/85
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