Hoje, ao abrires a janela
Do teu quarto
Quero ser teu sol.
O sol que te aquece.
Que te ilumina e anima.
Quero aquecer teu frio
De tudo que não valeu a pena.
Que não foi poema.
Que não rimou com a vida.
Não terminou em verso.
Hoje, ao abrires a janela
Do teu quarto,
Quero ser teu sol.
O sol que toca tua face.
Que te faz chorar e lembrar
Dos dias em que as flores
Não desabrocharam.
Não deixarando perfume
Nos ares.
Das nossas mãos
Que nunca se tocaram.
Dos olhos nos olhos
Que no desejo ficaram
E no silêncio se perderam.
Não quisestes os meus cuidados.
Nem me destes os teus.
Nem sequer dissestes-me um adeus.
Hoje, ao abrires a janela do teu quarto,
Quero ser teu sol,
Batendo em teu retrato.
Quero beijar-te.
E podes ter certeza que ao fazê-lo
Serei o mais feliz do ser vivente.
Hoje, ao beijar o teu retrato
Cumprirei aquele nosso antigo trato.
O nosso mais antigo e forte desejo.
Não quero ser, não quero ter.
Apenas quero um beijo.
Um único beijo.
E serei feliz!
Vera Salviano