Raia um novo dia em raias cinzentas.
Alguns pássaros iniciam uma canção.
As águas dos riachos correm barrentas
Numa procura infinita pelo ribeirão...
Tamborilam alguns pingos de chuva
Nas folhas verdes de um velho tinhorão.
Tudo cai como que se fosse uma luva,
Lentamente, na palma da minha mão.
O tempo passa veloz e, de repente,
A gente nota que tudo é uma ilusão,
Que tudo são frutos da nossa imaginação,
Dos nossos desejos e delírios da mente...
À tarde, o sol a pino, judia, machuca e arde.
Odores invasores adocicam todo ambiente.
Um pequeno mamífero faminto e covarde
Sai em busca do alimento que o sustente.
Vem a noite estrelada e o dia se vai.
Uma brisa tardia cobre tudo com um véu.
Uma estrela cadente cruza a superfície do céu.
Depois, argentina, num lago ela morre e cai.
Quebram-se a mudez das coisas e das plantas.
A noite, também, vai morrendo pouco a pouco.
Um grito ecoa ao longe, um tanto quanto rouco:
É um homem que ainda traz esperanças... Tantas!
Gyl Ferrys