Por vezes, quero zangar-me!
Sim, zangar-me... com a poesia
e por uma razão muito simples
e que é esta:
todos os dias,
dou-lhe um pouquinho de mim,
e ela, silenciosa, nada me diz,
por isso, começo a desconfiar
que, talvez, não tenhamos
um bom relacionamento
e que eu esteja a ser pretensioso
procurando oferecer-lhe
do pouco que sei,
mas ela, quiçá, ache que eu devia
ficar na minha incapacidade
de a despertar a voos mais altos!
Então eu penso...
se cada um der o que tem e sabe
não deve ser castigado,
e foi isso que lhe murmurei,
também, silenciosamente
e, talvez, por ter falado tão baixinho
a poesia, como sempre,
não me respondeu
José Carlos Moutinho
23/3/19