Tanto se fala de poesia...
que será afinal esse substantivo,
será o silêncio da utopia
ou a busca por caminho perdido?
Talvez seja vertigem do sentir
ou provavelmente ilusão do nada
que pode transformar-se em emoção
levando a que se inventem palavras
por receio, quiçá, de que elas se percam
nas marés dos desertos
ou sejam levadas nas asas cristalinas
das fantasias!
Não, não sei o que é a poesia,
sequer sei que valor tem
para a humanidade que não lê
ou não entende a tal poesia…
mas sei, isso sei eu
que a poesia com sua singeleza
me chama frequentemente
com serenidade,
e eu, que nem sei o que é a poesia
vou cedendo ao seu chamamento
e tento inventar versos
onde, por vezes misturo rimas
e ainda planto metáforas
como se criasse um jardim,
depois, também, serenamente
como a poesia me havia chamado
eu, sem nada entender,
colhi daquele jardim imaginado
o poema,
como se de flor se tratasse.
José Carlos Moutinho
21/3/19
Decreto-Lei, nº 63/85
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