Agarro as pétalas do tempo
que displicentes tentam passar por mim,
aperto-as nas minhas mãos
retardando-lhes a viagem
embora saiba
que não terei força
nem sequer tempo
para as manter ancoradas
no porto dos meus anseios!
Velozes, como o meu pensamento,
as folhas revoltam-se,
soltam-se das minhas mãos inertes
e já tão cansadas…
impotente perante tal energia
que me transcende,
deixo-as voar,
restando-me ficar a olhá-las,
que, indiferentes
me contemplam piedosas, quiçá,
da minha insignificância
José Carlos Moutinho
1/3/19
Decreto-Lei, nº 63/85
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