Chuva começada;
não o vi esquivar-se.
Em passos lentos,
chapinhava na água suja
do dia findo.
Pulou a sarjeta;
detritos se misturavam,
aquela alma castigada
de poeira, sol, e sal...
Sal da labuta, salobra,
expelida pelos poros,
arrastada pela torrente,
junto com a rebeldia.
Meio ao redemoinho,
pés afogados, nus,
assistindo restos de vida
para o ralo indo,
junto com a lama;
carma existente
antes da chuva...
De fato; pisava
numa lida imunda;
tapete estendido
sem fama, suja,
imposta como
se justa fosse.
Longos dias corridos,
sobressalto, o assalto,
o choro acidentado
rolando no asfalto ainda
quente da avenida imunda,
inundada, infecta
entre carros e gentes
fugitivas da chuva ácida...
Da lama suja,
a pesada fama
estendida no tapete
procurando uma paz
inexistente...
Crepúsculo etílico
inevitável...
Esquecer amanhãs,
outros temporais,
calamidades.
Mais uma vez
sem resumo.
Transladou-se do asfalto
para a sarjeta
com a mesma poeira,
o sol, o sal,
a lama e a fama;
sem prumo, sem rumo...