Sonetos : 

SOL D'ESTIO

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
SOL D'ESTIO

Vazam raios de sol nuvens no céu
Após pesadas chuvas de dezembro
Assim tem sido desde que me lembro:
Todo Santa Luzia¹- o olhar incréu…

Pela nesga do azul brinca o xexéu.²-
À espera d'andorinha, estranho membro
Do bando que migrando ora relembro
Sobre a tarde nublada feito véu.

Sol d'estio!… Abre meus olhos tristonhos
Como sorrisse o céu de cujo espanto
Eu não chorasse em chuva inúteis sonhos.

E, embora o céu cor de chumbo, o sol no canto
Vaze as nuvens dos dias enfadonhos
E raie um instante único de encanto.

Cap. Andrade - 08 12 1995




Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
813
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 09/03/2019 12:25  Atualizado: 09/03/2019 12:26
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4972
 Re: SOL D'ESTIO
NOTAS DO AUTOR

¹- O dia de Santa Luzia, isto é, 13 de dezembro é ligado a crenças populares como dia de previsão da ocorrência de chuvas no Natal próximo e mesmo da regularidade das chuvas do ano seguinte para a lavoura.

²- O xexéu é uma ave canora muito conhecida no Norte e Centro-oeste do País. Conhecido também como nhapim, japiim, japiim-xexéu, japim, japuíra, joão-conguinho, xexéu-de-bananeira (Nordeste) e xexéu. Em vários contos do folclore nacional (O castigo do Japim e outros) aparece como ave simpática e astuciosa. No poema recorda-se uma história do japim que, querendo acompanhar um bando andorinhas, as aves migratórias não o acolheram.