Não me venham com a história
do futuro,
nem com puras fantasias,
não me venham nem com poesias.
Não me ditem com deuses,
nem com mitos de infinitos.
Dobro horizontes com o olhar que a vista não alcança.
Não me venham com a eternidade dos mortos.
No felizes, matem já
o para sempre,
que não há.
Creio, apenas, no sempre sem começo.
Não me venham com infernos e céus, nem purgatórios
maiores que a miséria, a fome
e a guerra.
Por isso
não me venham com histórias
do futuro.
Esse,
é só um onde
onde se acaba.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.