Cansei de ser a porta de entrada
para os problemas dos outros,
cansei de estar disponível,
de fazer do meu canto, o canto alheio.
Cansei de por a mesa para tantos,
de orar só por receio,
de chorar sozinha pelos cantos,
e sequer, um sorriso veio.
Cansei de remar com remo curto,
em um caudal que me esgotou,
num barco que ia tanta gente,
e essa gente,
meu esforço nem notou.
Cansei de ver a injustiça
correr solta em toda parte,
e os poderes poderosos,
faturando contra a sorte.
As verdades sempre ditas,
em palavras cautelosas,
soçobraram sob o peso,
das mentiras mais vultosas.
Ninguém vence sem luta,
mas cansa,
quando é muito árdua a labuta.
Quero nascer de novo,
pra corrigir erros que cometi,
viver as coisas que deixei pra outros,
e eu mesma não vivi.
Poema escrito em 2007