Não te sei explicar...
mas há algo a roer-me por dentro...
Como se fosse um bichinho
daqueles que nos devoram
quando temos fome.
É irritante como isto me perturba...
faz-me marcas na carne
mas não lhe ferra o dente...
só morde ao de leve.
Talvez seja uma dúvida...
Daquelas incertezas que se prendem à razão
com pregos ferrugentos
porque já não havia mais nada
que estivesse ali à mão.
Medo não é...
o medo é mais mordaz...
ataca com subtileza
e nunca se prende a nós...
só nos cheira de longe
com ar desconfiado.
A insegurança tem mais a ver com esta sensação...
não é muito crescida...
tem sentimentos quase de criança..
faz birra e beicinho
quando sente que não tem os pés no chão.
Talvez por isso
desencadeie este formigueiro nas pontas dos dedos...
ou isso...
ou alguém deixou vespas à solta na minha mente
e ela está confusa
porque já não distingue a cabeça das mãos
e o pensamento ...
esse até parece que deixou raízes nos gestos.
Não sei...
mas é incómodo mesmo de barriga cheia...
Prefiro quando me fazes levitar no sofá...
Daniela Pereira
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