Poemas : 

A Porta Aberta

 
Foi-se embora sem se despedir.
Nem ao menos um adeus deixou.
Não teve dó nem piedade de mim.
Naquele dia um homem chorou.

Deixou a porta aberta e uma ferida.
Nem sequer voltou para trás a face.
Foi-se embora numa estrada comprida
Igual raios de sol num final de tarde.

Fiquei a chorar na cama e na vida
Umedecendo o lençol e travesseiro,
Adentrando-me tamanho desespero
Que nada ousou dizer minha língua.

Vi-te dissolvendo entremeio brumas,
Desaparecendo em um denso nevoeiro...
Não pude conter o comando dos dedos
Que, por si só, esticaram a tua procura.

Tombei, abatido em noites escuras.
Em prantos me perdi em pesadelos,
Em ondas envolventes de espumas
Que me arrastavam pelos cabelos...

Blasfemei contra Deus e os homens.
Maldisse contra os céus e os infernos.
Incinerei meu poema de mil versos.
Apaguei a tatuagem com teu nome.

Foi-se embora sem se despedir.
Nem ao menos um beijo deixou.
Lágrimas tantas saíram de mim
Que um outro oceano se formou.



Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1049
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.