Muralha de papel
Era um pipocado concreto armado
negro como a alma do sicário
em um rio de carbono imaculado
rio pobre rio, não, não, não riu
retorcido extravasando do armário
Era Deus e o diabo na muralha
eram braços e pernas decepados
vermes procurando suas mortalhas
e o mundo com os olhos vendados
Deus pode um homem virar papel?
Sua carnadura não ser forma concreta?
Pede-se que se pinte com palheta!
Peço-te que escrevas neste céu!
Pelo mal que passado em peneira
fortaleza se dissolve como um rio
verte a nau e se queima por inteiro.
um ventre triste é jogado na lixeira
Esta é uma noite que até a lua se esconderia
E não voaria vaga-lume que se acende
Uma prece a ave Maria... eu farei
pois ao diabo certamente eu não faria.
Alexandre Montalvan
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