Última Noite
E quando a noite chega à vida
eu temo que amar teu negro manto,
ira fazer-me olha-la dividida
e desprezar todo o teu encanto.
Mas apesar dos pesares eu amo
teu negrume aveludado e macio
que estremece a carne, mas como
a noite é um caminho oco e vazio,
larga-me no tempo e nas aspirais
do desengano, do labor ao descanso,
e nela eu gozo gozos sem iguais
e me embalo no seu suave remanso
embevecida de sombras e luzes que
se intercalam entre meus dias finais.
Alexandre Montalvan
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