Enviado por | Tópico |
---|---|
Rogério Beça | Publicado: 11/01/2019 16:15 Atualizado: 11/01/2019 16:15 |
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
|
Re: Correntes de mar ...não prendem horizontes
Gosto do teu poema.
A começar pelo título, que em si já é um poema. Extremamente curto, é certo, mas autossuficiente, muito ao estilo da MarySsantos ou da Alma Mater. “Correntes de mar… não prendem horizontes” Há correntes de vários tipos. Imageticamente colocas-nos com a corrente feita com elos metálicos devido ao verbo prender, num ambiente típico de terra e de metal. A terra, aliás, donde o metal das correntes é extraído. Mas o elemento água entra em força, porque a corrente é de mar, como podia ser dos rios ou de ar. Ao contrário da supracitada, esta corrente sugere movimento, vida e liberdade. Podemos então deduzir que correntes de mar libertam horizontes. Há ainda o detalhe, interessantíssimo, de também associarmos o mar ao horizonte. Então a ambiguidade e versatilidade da palavra corrente colocou-me um sorriso. Além do expresso soar a uma verdade universal ou a um aforismo. A primeira estrofe é muito boa. Um dístico que tem tudo para entrar no lamechas e no lugar comum, mas que foge porque é a primeira ideia a seguir àquele bendito título. Afinal a corrente tinha um aloquete. As três voltas, simbolicamente tem várias fontes. Desde a trindade à assunção de certas “correntes”, como sendo o número da perfeição. Pode ser apenas a forma como a maioria das pessoas tranca a própria casa, em segurança. Começa a prece “… mas por amor…” aqui não sei se não faltou o “de deus” propositadamente, ou se é “devido ao amor”. Mas até a dupla interpretação me agrada. Pessoalmente, não gosto da palavra amor, mas para os devidos efeitos, convenceu-me. “… na janela virada a sul…” é uma metáfora bem conseguida, porque é a janela que tem a luz do sol com mais duração, sendo nesse caso uma alusão ao afastamento das trevas, do mal, do desamor. “…a esperança que o vento norte me empurre…” tem algo de triste, porque coloca do lado da natureza e dos elementos exteriores ao sujeito poético a possibilidade dum desejo notório. Um milagre. A promessa da última estrofe fecha o poema com chave de ouro. Nota: Espero ler mais poemas teus noutros motes, com outros registos. A linguagem é cuidada, os recursos estilísticos bem utilizados. Sabe bem. Falta-me comentar outro teu. E outros que vierem e que me toquem. Obrigado. |
Enviado por | Tópico |
---|---|
visitante | Publicado: 12/01/2019 02:59 Atualizado: 12/01/2019 03:00 |
Re: Correntes de mar ...não prendem horizontes
Miro o horizonte no espelho...
|
|