Sou o tempo que a minha memória guarda
viajei na lonjura dos sentimentos
continuo a viajar na certeza da minha finitude,
Por vezes, chama-me a saudade,
que, embora serena, me arde o peito
fazendo-me respirar o ar cansado da nostalgia!
Abraçado pela melancolia,
sento-me nas margens da minha maresia,
encho os meus olhos com a luz do horizonte
e levo-me a navegar no mar das recordações!
Esmoreço calmamente o meu desassossego,
relembrando o marulhar das águas quentes
daquele longínquo mar,
onde tantas e tantas vezes mergulhei ilusões,
nadei em sonhos que se desfaziam em espuma
na areia da praia da minha ansiedade!
A lonjura do tempo acampou em mim,
mas só os sonhos e as ilusões vivem na minha memória.
José Carlos Moutinho
Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor